Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?
Esta é a pergunta para a qual somos chamados a responder no dia 11 de Fevereiro. E eu aposto o que quiserem em como pelo menos 99% da população portuguesa não sabe esta pergunta de cor! E, se não a sabe, como pode pensar sobre ela? Para facilitar a sua análise, vamos desmontá-la em várias partes:
"Concorda"... Concorda? Concorda é o mesmo que aceita, logo se eu concordo, eu aceito! O que está em causa é se aceito o que é proposto na lei, ou se não aceito o que a lei me oferece.
"com a despenalização"... Despenalização do quê? Da mãe? Ou do aborto?.. Não houve um único caso em que uma mãe fosse condenada a uma pena, quer seja de prisão quer não seja. As leis são feitas com um objectivo regulador da actividade humana, têm como função regular as atitudes e comportamentos dos indivíduos de uma determinada sociedade. Mas essas leis não têm obrigatoriamente uma força coerciva, podem simplesmente procurar indicar às pessoas o caminho correcto a seguir. Se for numa auto-estrada a 121km/h por hora, existe uma lei que lhe indica que vai em excesso de velocidade. Essa lei foi criada para proteger os cidadãos de acidentes rodoviários, porque 120km/h é o valor que se instituiu como o máximo para conduzir numa auto-estrada. Se for apanhado a 121km/h, provavelmente não sofrerá nenhuma consequência, porque a lei tem um carácter instrutivo, mas se for a 140km/h, já tem força coerciva, e uma pena (multa) é-lhe aplicada. A lei que existe sobre o aborto é igual! A mãe é orientada para que não pratique o aborto, pois ninguém considera o aborto um acto positivo. No entanto, se o fizer, mesmo indo a tribunal e julgada, não tem uma pena que incida sobre ela, existe sim mas sobre o médico/parteira que cometeu o crime de matar um ser vivo. E aqui já entra nos campos de outra lei, porque matar é crime! Se esta lei for aprovada, deixa de haver essa orientação para a mãe, pois é-lhe dado um outro caminho, que todos sabemos não ser o melhor, mas é o mais fácil!
"da Interrupção Voluntária da Gravidez"... Interrupção do quê? Que eu saiba, é o Terminar Voluntário da Gravidez, pois a gravidez não se pode interromper, e continuar daqui a 3 anos se já der jeito ou não incomodar muito. Quando interrompemos algo, é porque temos o objectivo de o continuar assim que pudermos ou desejarmos, mas neste caso isso não é possível. Interrupção não!
"se realizada, por opção da mulher"... Por opção da mulher? Como é que é? Eu sei que a ciência está muito avançada, mas nestes casos acho que a mulher não faz o filho sozinha. Neste ponto temos 2 problemas: 1º - o filho não é só da mulher, o ser humano que está dentro da barriga da mulher tem pai e mãe, e mesmo que esteja na barriga da mãe, isso não implica que ela possa fazer o que quiser com o ser que está dentro de si. A mãe tem direitos e deveres, o pai tem direitos e deveres, o ser humano que está a crescer no ventre materno a partir do momento em que é gerado e se torna outra pessoa, diferente da mãe e do pai, também os tem. E podem até dizer que a criança depende da mãe para viver, logo a mãe é mais responsável. E então? Eu também dependo dos meus pais para viver! Se não me derem dinheiro ou alimentação, e se não desrespeitar a lei, vou provavelmente acabar por morrer à fome. 2º - Muitas vezes as mulheres que abortam são pressionadas pelos maridos, familiares (pai e mãe) ou patrões para que o façam! O desemprego elevado está como base de apoio dos patrões, os pais das raparigas novas (principalmente das classes mais favorecidas) defendem que um filho naquela idade iria estragar o futuro da jovem, e os maridos, mais preocupados com questões profissionais do que como sofrimento da mãe, preferem optar pela vida mais "cómoda". Não, obrigada.
"nas primeiras 10 semanas"... 10? Só? Tanto? Porquê 10 e não 8? Um ser humano é mais digno de viver às 10 semanas e 1 dia do que às 10 semana? É mais digno de viver às 10 semanas e 1 dia do que às 3 semanas? Às 11 semanas ele é um ser humano, e às 10 semanas também, e às 3 semanas também, e com 1 semana também (atenção, assumimos que todas as pessoas já entenderam de que se trata de um ser humano, um pato ou um perú não é de certeza!). Vejam algumas fotos de um ser humano com 10 semanas... (se for um galo avisem-me...)
Para os menos sensíveis, têm uma imagem bem esclarecedora de um aborto de 10 semanas
"
em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"... Diz que é uma espécie de quê? Hospital? Clínica? Mas andaram todo o ano passado a fechar maternidades no interior (
notícia aqui), andam agora a fechar urgências (
notícia aqui), para depois abrir clínicas de aborto? Está a ser implementada na sociedade portuguesa uma "
cultura de morte". E pior, utilizando os nossos impostos. Eu acredito que haja muita gente que não se importe que ganhe a despenalização do aborto até às 10 semanas em Portugal, também há muita gente que foge aos impostos em Portugal! Não dinheiro para manter as maternidades, não há dinheiro para garantir as urgências, não há dinheiro para pagar as pensões futuras aos reformados, não há dinheiro para manter tantos funcionários públicos, não há dinheiro para proteger a orla costeira, mas há dinheiro para garantir clínicas de aborto onde nós pagamos para que matem vidas... Assim, NÃO!
Falta uma semana para o referendo sobre o aborto, está na altura de pensarmos um bocadinho sobre a Questão Essencial!