13.6.07

As manifestações antiglobalização, altamente mediáticas, enganam-se nos alvos

Desde há oito anos que as grandes reuniões internacionais são palco de violentas manifestações de adversários da globalização. Aconteceu agora, na Alemanha, a pretexto do G8. Essas manifestações, altamente mediáticas, enganam-se nos alvos. Primeiro erro: dizem combater a pobreza, mas ignoram o que a globalização já contribuiu para reduzir a miséria no mundo.

No último quarto de século muito mais gente escapou à pobreza do que em qualquer outra época da história. Repetiu esta verdade na New York Review de 31 de Maio o jornalista do New York Times Nicholas Kristoff. Autor de publicações que não são propriamente neoliberais. Aliás, repare-se em África, continente que tem passado ao lado da globalização: aí, o número de pobres duplicou no último quarto de século. Tomara os africanos ser explorados pelas multinacionais...

Entre 1980 e o início deste século, a pobreza mundial foi reduzida para quase metade. Quatrocentos milhões de pessoas ultrapassaram o rendimento de um dólar por dia, indicador da pobreza extrema. Grande parte dos que escaparam à fome eram asiáticos e sobretudo chineses. Porquê? Porque a China entrou em força no mercado mundial, acelerando o seu crescimento económico.

Esta boa notícia provocou pânico em muita gente no mundo desenvolvido. Face à concorrência asiática em geral e chinesa em particular, multiplicaram-se as reacções proteccionistas. Às vezes, com a hipocrisia de invocar bons sentimentos, como a preocupação com a falta de direitos sociais nos países pobres. Considerando como concorrência desleal a que surge de quem não goza dos direitos sociais correntes no mundo desenvolvido, alguns querem fechar os seus mercados aos países pobres. Afinal, pretendem defender, não os pobres, mas os ricos, do chamado dumping social.
É outro erro crasso. Como se viu, por exemplo, na Coreia do Sul, a maneira dos povos ganharem direitos sociais, incluindo um melhor salário, está em dar-lhes acesso aos mercados dos países desenvolvidos. Como no editorial do PÚBLICO, há uma semana, notava Paulo Ferreira, fechar os mercados aos países em desenvolvimento "seria dramático para milhões de pessoas".

Decerto que a globalização é um factor, a par de outros (como as novas tecnologias e a crescente mediatização), que nas últimas décadas tem aumentado as desigualdades no interior dos países ricos. Mas seria imoral, além de estúpido, combater essa tendência negativa mantendo na miséria os mais pobres do universo. É obviamente um escândalo que, por dia, morram 30 mil crianças, vítimas da pobreza. Só que travar a globalização faria regressar esse número a níveis ainda mais trágicos. Os contestatários da globalização também se enganam no alvo ao assestarem baterias contra as organizações internacionais. Claro que essas organizações precisam de reformas. Mas destruí-las, sem mais, apenas faria o jogo dos países mais poderosos, que não precisam de organizações multilaterais para impor os seus interesses. Quem precisa delas são os mais fracos.

O quarto erro dos que berram contra a globalização está em que, sendo anticapitalistas, não apresentam alternativas pela positiva. Foi já um avanço abandonarem o objectivo impossível de acabarem com a globalização (a face actual do capitalismo, no fundo, o alvo dos seus ódios). Passaram a falar "noutra" globalização. Mas os alter-mundialistas pouco mais trouxeram para o debate do que a taxa sobre transacções financeiras, sugerida há 28 anos pelo falecido economista Tobin num contexto muito diferente.

No meio deste folclore, escapa o essencial: impedir que o poder económico prevaleça sobre o poder político, tirando significado à democracia. Os gestores dão contas aos accionistas (quando dão), não respondem perante os eleitores. Garantir o primado da política implica reforçar o direito e as organizações internacionais. E exige uma concertação dos dirigentes políticos mundiais. É tarefa prioritária neste século.

O quinto erro dos contestatários é o seguinte: as insuficiências e as injustiças do capitalismo global combatem-se com maior eficácia através de iniciativas práticas (como o microcrédito lançado pelo "Banco dos pobres") do que apelando a um outro sistema, que ninguém sabe o que é. Mas isso não entusiasma os opositores da globalização. Não dá para atirar pedras à polícia.


Francisco Sarsfield Cabral

10.6.07

O PONTO DE APOIO À VIDA é uma instituição da Igreja Católica, com o estatuto de Instituição Particular de Solidariedade Social.

Em 2003 inaugurou a CASA DE SANTA ISABEL, localizada no Poço do Borratém, 41, junto à Praça da Figueira (rua que faz a ligação entre a Rua da Madalena e o Martim Moniz).

Para concretizar a sua missão no acolhimento a grávidas em dificuldade e seus filhos, a Casa de Santa Isabel, necessita mais uma vez de contratar monitoras que possam desempenhar as seguintes funções:
coordenar e executar tarefas domésticas;

tomar conta de bebés;

acompanhar grávidas nas suas saídas;

garantir monitorização nocturna.

Caso este propósito mereça o seu interesse, pode contactar Fernanda Ludovice através dos telefones 21 880 06 30 e 91 637 88 72.