1.9.06

Dá-nos, Senhor,
depois de todas as fadigas,
um tempo verdadeiro de paz.

Dá-nos,
depois de tantas palavras,
o dom do silêncio,
que purifica e recria.

Dá-nos,
depois das insatisfações que travam,
a alegria como um barco nítido.

Dá-nos
a possibilidade de viver sem pressa,
deslumbrados com a surpresa
que os dias trazem pela mão.

Dá-nos
a capacidade de viver de olhos abertos,
de viver intensamente.

Dá-nos
de novo a graça do canto,
o assobio que imita a felicidade
aérea dos pássaros,
das imagens reencontradas,
do riso partilhado.

Dá-nos
a força de impedir que a dura necessidade
esmague em nós o desejo
e a espuma branca dos sonhos se dissipe.

Faz-nos
peregrinos que no visível
escutam a melodia secreta do invisível.

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