23.1.07

O alargamento

Manuel Alegre afirmou que “o Estado não nos pergunta se concordamos ou não com o aborto”. Pois não. Acredito que a esta pergunta a esmagadora maioria dos portugueses respondesse Não. O Estado pergunta se, apesar de não concordarmos com o aborto, estamos dispostos a promovê-lo e não a combatê-lo. O combate centra-se no aborto, não apenas no aborto clandestino.

Manuel Alegre referiu ainda que o que está em causa é um alargamento das situações em que é possível abortar. É, de facto, um alargamento: um alargamento total, a todas as situações, na exacta medida em que não é necessário sequer invocar uma razão. Deixamos de ter uma porta entreaberta, por onde só passam os casos extremos devidamente justificados, para escancarar a porta ao egoísmo e à irresponsabilidade.

O que pretendem os defensores do Sim, de facto, é equiparar o aborto a um método contraceptivo. Quem não quer ter o filho que carrega por ter resultado de uma relação não consentida, por ter uma grave deficiência ou representar um risco de vida para a Mãe, tem na lei actual uma saída. O aborto baseado em todas as restantes justificações – falha ou ausência de método contraceptivo, carências sócio-económicas, etc – não é mais que um método contraceptivo à posteriori. E Assim Não!
Joana Lopes Moreira

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