1.4.08

Aumento do Pão em 50%

Um caso particular, mas decerto familiar a muitos de vós. Somos uma família normal de 4. Somos aquilo a que em tempos se chamou "classe média". Como acontece com muitos, bem mais de 50% do nosso rendimento é chupado pelo banco para a prestação da casa. Há cerca de dois anos, sentindo-nos desanimados com a política e impotentes para vencer as injustiças sociais, estabelecemos regras individuais importantes, de sobrevivência e luta: por norma, deixámos de consumir o que quer que seja em pastelarias. O pão faz-se em casa, com uma máquina (dura muito se for integral); as sandes, obviamente, também; café e sumos idem; iogurtes, só compramos naturais e os mais baratos (a imaginação é à borla e acrescentamos o que houver); ao jantar não é preciso carne (ao almoço, confiamos que as crianças comam na escola) e para proteínas temos o leite e seus derivados, e outras alternativas mais baratas, como feijão com arroz (ou seja, raramente compramos carne); no frigorífico temos agora leite, manteiga, iogurtes naturais, sopa e legumes frescos; no congelador, legumes e peixe. Na despensa, há variedade de massas, arrozes, e afins. Mas sim. Gostaríamos de não viver assim, a fazer esta ginástica diária. Como muitos de vocês, certamente. Por isso deixo a sugestão: se formos muitos a boicotar a sociedade de consumo (vocês pagam mesmo 500 paus por um sumo de laranja natural num café?!), pode ser que mudemos alguma coisa. Não vejam isso como uma privação, mas como uma forma de luta. Vão para os jardins públicos, para espaços gratuitos. Levem os amigos, os filhos, os sacos com fruta nacional e pão feito em casa. Convivam. Discutam. Divirtam-se. Organizem-se. Voltem a falar de ideias. Deitem fora os cartões de crédito. Acordem. Saiam dos centros comerciais. Avisem o Sr. António do café que não voltam a entrar lá enquanto a bica custar mais de 80 paus (e já é um exagero). Obriguem-no, também ele, a "fazer ginástica" e a protestar. Inventem novas maneiras de rir na cara das grandes bestas que vivem luxuosamente às nossas custas. Quem ri por último, ri melhor, acreditem.
Margarida, Lisboa

No comments: